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GLBT é passado, o futuro é dos poliamorosos |
Hoje
em dia quando um ator ou atriz é convidado para trabalhar numa novela fica apreensivo
com o perfil do personagem que lhe será oferecido. A pior coisa que pode
acontecer é ter que interpretar um personagem de boa índole e, pior ainda,
heterosexual, mesmo que o papel seja de “mocinho” ou “mocinha” da novela (para
os mais novos: mocinho é o herói bem comportado e personagem principal), o que
só faz piorar a situação, o público não quer mais saber de herói careta.
Diante
de tamanha desgraça três possibilidades passam pela sua mente: não aceitar,
aceitar ou cortar os pulsos. Só os atores mais conceituados tem condição de
partir para a primeira hipótese, aos mais novos só restam às outras duas. Mas a
maioria, conceituado ou não, quer mesmo é interpretar o papel de desajustado, a
canalhice está em alta, e se ele for gay, melhor ainda (atenção patrulha: não se faz correlação entre canalha e gay).
Cada vez mais raro nas novelas, os casais dos gêneros
macho e fêmea estão em baixa no
mercado, não empolgam mais. Esta conclusão se baseia no atual perfil
das novelas em que os personagens mais comentados, amados ou odiados (ódio também é bom, dá audiência), ou são canalhas, ou são gays e, como se sabe, os autores escrevem de olho no que o público quer.
Prova
disso é o casal formado por Fernanda Montenegro e Nathália Timberg na nova
novela que será lançada, nada contra, mas apenas um registro dos novos tempos. Possivelmente será o primeiro casal gay da terceira idade da TV brasileira. Da
mesma forma o ator José Mayer, famoso por comer todas nas novelas, mudou para se
manter up the date, agora interpreta um gay enrustido e que é casado. Par romântico
com mulher é coisa do passado, vade retro, possivelmente não quer isto nunca mais, pois sabe que este é o primeiro passo para o ostracismo.
De acordo com o Facebook existem cinquenta gêneros sexuais, além de homem e mulher, gay, lésbicas e travestis, meu repertório só chega a isso, como transgênero, cisgênero, gênero fluído,
intersexual, transmulher e transfeminina, e por aí afora, que
poderão serem utilizados quando os personagens gays ou travestis ficarem muito
repetitivos e começar a cansar o público, da mesma forma que acontece hoje com os
homens e mulheres.
Segundo
os sociólogos, o público torce para o canalha, que só é assim, porque foi
rejeitado pela sociedade, pela sua mãe que traia o pai com irmão dele, também pelo pai drogado, na sua época de coroinha da igreja foi vítima de crime de pedofilia praticado pelo padre, que, por sua vez, também foi rejeitado
pela família e vítima de abuso sexual do padastro, que por sua vez......, a imaginação dos autores não tem limites.
Os
antigos mocinhos padrão Tarcísio Meira e Francisco Cuoco, estão totalmente out,
hoje herói bom é herói canalha ou gay/lésbica, se for os dois melhor ainda - não gay/lésbica-, isto não existe ainda no Facebook, e sim canalha e gay. Já
mocinha boazinha e hétero, coitada, é olhada com indiferença e desdém pelo
público, que quer uma mulher má e sem caráter, mas, como ela é bipolar, de
vez em quando a pomba irá girar pros lados dela. A raiva contra o personagem vai
sendo substituída por simpatia, depois amor após se descobrir um segredo, que não sei qual é.
Devido
à ameaça dos atores de fazer greve se não conseguirem papéis de pessoas que, no
século XX eram vistos de forma crítica e condenável, mas que hoje dá grande
IBOPE e prestígio, os autores das novelas, diante da procura maior que a oferta
de papéis de personagens de mau caráter ou gêneros diferenciados, foram
obrigados a tomar uma decisão radical, mas em se tratando de novelas tudo é
verossímil: quem é bonzinho no começo da novela, terminará como canalha,
podendo, eventualmente, se redimir no último capítulo e terminar como herói ou
heroína sem mácula, e quem começar como canalha terá seus surtos de bondades e,
se não morrer antes do final, voltará ao estágio inicial, ou não, sei lá. Quanto
mais confusa e surreal, melhor, o público não tá nem aí, quer drama, sadismo, masoquismo, sexo e
traição, o que sobrar é sacanagem.
Já quem
começar gay ou lésbica irá terminar como tal, o Sindicato dos Atores entrou com
uma medida cautelar na justiça solicitando que fosse proibido nas novelas que os gays terminem como macho, o inverso pode, pois as novelas tem que ter um mínimo
de consonância com a vida real. Não duvido nada se um dia aparecer numa novela uma cena onde um Pastor fala possesso diante de um público hétero querendo converte-los para homossexuais, sob a alegação que estão tomados por um diabo macho. Falei que não se deve duvidar da imaginação dos autores.
Quantos
aos núcleos das novelas haverá, como de costume, o pobre, o rico e o intelectual.
Para abrir vagas e atender a sede sádica e da diversificação sexual exigida
pelos telespectadores, em todos os núcleos a maioria dos personagens serão malévolos,
detestáveis sem nenhum caráter e, igualmente, de gêneros sexuais diferenciados. As
cenas dos gays intelectualizados serão ambientadas em CCBB, galerias de arte,
na Farme, Copacabana Palace e resorts de Santorini e Ibiza. As locações das cenas dos homos pobres,
conhecidos por bichinha, gay é coisa de rico, serão realizadas na praia de Ramos e nas saunas da Zona
da Leopoldina. Um bloco de Carnaval, vai bem neste núcleo, talvez o "Só o Cume Interessa".
Novela
boa tem que ter muito sexo e, também, prostitutas, ou seja, mais sexo. As locações das meninas do núcleo
rico, conhecidas como escorts, serão feitas no Leblon, nas boates da Zona Sul e
nas ilhas de Angra, as cenas das meninas pobres, conhecidas como putas, serão ambientadas na Vila Mimosa, na Lapa e na Ilha do Governador.
Para
felicidade do público, antes de voltar ao gênero careta homem x mulher os
autores tem pela frente os lesboflexível, pansexual, transhomem,
queer, poliamoroso, etc...Portanto não se preocupe, os folhetins do jeito que você gosta tem vida longa, a loucura surreal está garantida pelos próximos trinta anos, após isto haverá um revival e os casais héteros voltarão a moda, isto se até lá a espécie não tiver sumido do mapa.