Jornalistas em risco de extinção |
Pelo andar
da carruagem ou, melhor, do processador, a chapa vai ficar quente para os jornalistas,
uma ameaça pior que a censura surge no horizonte, seu nome é Kuaibi Xiaoxi, o primeiro repórter robô
do mundo, ele trabalha na agência
oficial chinesa Xinhua que começou a publicar artigos elaborados através de
inteligência artificial.
O jornalista cibernético consegue redigir
textos em dois idiomas, mandarim e inglês, o que, neste aspecto, o torna mais
completo do que muitos de seus colegas de trabalho. Durante o período de testes
o sistema foi encarregado de elaborar informações dos resultados do campeonato
chinês de futebol, a função era estruturar tabelas com os resultados da rodada. Um dos maiores portais de serviço chinês na internet, a
Tencent, publicou em setembro um artigo redigido por um computador sobre o
índice de inflação no país, citando alguns comentários de especialistas no
assunto.
Acredito que Isto é apenas o começo, possivelmente no
futuro os jornalistas robôs terão opinião e ideologias próprias, alguns estarão
mais afinados com a linha desenvolvimentista, outros com a monetarista e por aí
afora, suas análises e previsões serão feitas rapidamente, o texto final será
resultado do cruzamento de bilhões de informações e dados guardados internamente
no seu super HD. A Miriam que se cuide.
Diversos jornalistas da China
demonstraram temor de que no futuro seus trabalhos possam ser substituídos por
algum robô, segundo informou o jornal South China Morning Post. Muitos
condenaram a iniciativa da Xinhua em utilizar o sistema.
Fico pensando como seria a atuação de
um robô como resenhista da editoria de cultura de um jornal brasileiro. Como é uma
máquina, não está sujeito ao pensamento da minoria formadora de opinião, com
isto existe o risco dele espinafrar alguns peças e filmes incensados pela
intelectualidade e pelos críticos humanos. Como se sabe, parte deles odeia elogiar
filmes que a maioria compreende e gosta. Ratinho aguarda esperançoso a entrada
destes profissionais no mercado. E o que dizer do caderno de tecnologia? Nesta
área não tem pra ninguém, o editor chefe, por razões obvias, será o robô.
Em algumas atividades o robô
jornalista não terá serventia no Brasil, como trabalhar como assessor de
comunicação na área política ou para o governo. Corre-se risco dele, por
exemplo, recusar fazer release sobre o programa de governo proposto pelo
candidato, pois robô é cartesiano, sua avaliação e processamento se pautam na
lógica e cruzamento de dados e informações, e isto poderá fazer com que recuse inserir
no release os projetos propostos, pois sabe que são fantasiosos.
Da mesma maneira, se um deputado pedir
para que faça um texto mostrando que ele é vítima de acusações seletivas
infundadas, que não tem conta na Suíça, está arriscado receber um sonoro e
indignado não, pois o algoritmo do parlamentar comprova que ele tem culpa no
cartório, seja ele no Brasil ou em algum paraíso fiscal. Poderá, ainda, se
negar a elaborar um texto mostrando que o país não está em crise, que a
recessão é uma simples marolinha. Enfim, corre o risco de ser destruído e substituído
por outro com defeito de fabricação!
Por último, existe o perigo do robô ser
perseguido pelos jornalistas vintages que, previsivelmente, farão uma jihad
santa contra eles, a semelhança do que os taxistas estão fazendo com os motoristas
do Uber, por isso acho que para sobreviver terão que trabalhar na
clandestinidade disfarçados de foca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário