quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Chegou o Uber da Imprensa

Jornalistas em risco de extinção
Pelo andar da carruagem ou, melhor, do processador, a chapa vai ficar quente para os jornalistas, uma ameaça pior que a censura surge no horizonte, seu nome é Kuaibi Xiaoxi, o primeiro repórter robô do mundo, ele trabalha na agência oficial chinesa Xinhua que começou a publicar artigos elaborados através de inteligência artificial.

O jornalista cibernético consegue redigir textos em dois idiomas, mandarim e inglês, o que, neste aspecto, o torna mais completo do que muitos de seus colegas de trabalho. Durante o período de testes o sistema foi encarregado de elaborar informações dos resultados do campeonato chinês de futebol, a função era estruturar tabelas com os resultados da rodada. Um dos maiores portais de serviço chinês na internet, a Tencent, publicou em setembro um artigo redigido por um computador sobre o índice de inflação no país, citando alguns comentários de especialistas no assunto.

Acredito que Isto é apenas o começo, possivelmente no futuro os jornalistas robôs terão opinião e ideologias próprias, alguns estarão mais afinados com a linha desenvolvimentista, outros com a monetarista e por aí afora, suas análises e previsões serão feitas rapidamente, o texto final será resultado do cruzamento de bilhões de informações e dados guardados internamente no seu super HD.  A Miriam que se cuide.

Diversos jornalistas da China demonstraram temor de que no futuro seus trabalhos possam ser substituídos por algum robô, segundo informou o jornal South China Morning Post. Muitos condenaram a iniciativa da Xinhua em utilizar o sistema.

Fico pensando como seria a atuação de um robô como resenhista da editoria de cultura de um jornal brasileiro. Como é uma máquina, não está sujeito ao pensamento da minoria formadora de opinião, com isto existe o risco dele espinafrar alguns peças e filmes incensados pela intelectualidade e pelos críticos humanos. Como se sabe, parte deles odeia elogiar filmes que a maioria compreende e gosta. Ratinho aguarda esperançoso a entrada destes profissionais no mercado. E o que dizer do caderno de tecnologia? Nesta área não tem pra ninguém, o editor chefe, por razões obvias, será o robô.

Em algumas atividades o robô jornalista não terá serventia no Brasil, como trabalhar como assessor de comunicação na área política ou para o governo. Corre-se risco dele, por exemplo, recusar fazer release sobre o programa de governo proposto pelo candidato, pois robô é cartesiano, sua avaliação e processamento se pautam na lógica e cruzamento de dados e informações, e isto poderá fazer com que recuse inserir no release os projetos propostos, pois sabe que são fantasiosos.

Da mesma maneira, se um deputado pedir para que faça um texto mostrando que ele é vítima de acusações seletivas infundadas, que não tem conta na Suíça, está arriscado receber um sonoro e indignado não, pois o algoritmo do parlamentar comprova que ele tem culpa no cartório, seja ele no Brasil ou em algum paraíso fiscal. Poderá, ainda, se negar a elaborar um texto mostrando que o país não está em crise, que a recessão é uma simples marolinha. Enfim, corre o risco de ser destruído e substituído por outro com defeito de fabricação!

Por último, existe o perigo do robô ser perseguido pelos jornalistas vintages que, previsivelmente, farão uma jihad santa contra eles, a semelhança do que os taxistas estão fazendo com os motoristas do Uber, por isso acho que para sobreviver terão que trabalhar na clandestinidade disfarçados de foca.


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