segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O Brasil é uma Grande Mariana

Cientistas não sabem explicar:
Brasilia não é banhada pelo oceano, mas tem mar de lama
O tsunami ecológico, social e econômico sofrido pelas cidades situadas ao longo do Rio Doce devido ao rompimento da barragem de contenção de lama do minério da Samarco em Mariana não é um fato isolado, o Brasil vivencia este processo há pelo menos cem anos, só que ele não é percebido porque não se concentra de forma intensa num único local, nem conta com todos os ingredientes dramáticos da tragédia ocorrida em Mariana, ele está disseminado por milhares de pontos do país e se expande lentamente, por isso não causa comoção e mobilização popular, embora o seu poder de destruição ecológica e social seja centenas de vezes superior ao que ocorre ao longo do Rio Doce.  

O stress hídrico do Rio São Francisco, por exemplo, não pode ser creditado apenas a ausência de chuvas, mas, também, ao desmatamento da bacia hidrográfica do Rio. A Barragem de Sobradinho, situada neste Rio, passa por uma das piores secas da história, afetando o abastecimento dos municípios e preocupa agricultores que dependem da água da barragem para a irrigação da produção de frutas. Pela primeira vez a Usina Hidrelétrica vai deixar de gerar energia, a parada deve acontecer até o início de dezembro, o seu reservatório  está com o volume útil de apenas 1,65%.

O Rio das Velhas, que despeja suas águas no São Francisco, descarrega o equivalente a sete piscinas olímpicas por minuto de água poluída por esgotos e minério impregnado de arsênio, um metal tóxico que em concentrações elevadas pode provocar câncer de pele, pâncreas e pulmão, abalos ao sistema nervoso, malformação neurológica e abortos.

Não existe nada mais parecido com o atual estágio em que se encontra o Rio Doce que o Rio Tietê no trecho que atravessa a Região Metropolitana de São Paulo, mais isto não causa mais comoção, os paulistas já se habituaram a vê-lo degradado. 

Aproximadamente 2/3 dos municípios brasileiros lançam esgoto in natura para os corpos receptores de água. Tirando os especialistas e ambientalista, você conhece alguém que está preocupado ou sabe disto? Talvez sim, mas são poucos. 

É triste constatar, mas o brasileiro se acostumou com a tragédia e o descaso das autoridades, eles passaram a fazer parte do seu cotidiano, tipo é assim mesmo, não tem jeito, resignação virou palavra de ordem.

Os efeitos sociais e econômicos decorrentes da metástase poluidora se alastrou por todo país atingindo órgão vitais como rios, oceano, a atmosfera e as florestas, mas ele não é sentido de forma imediata, muitas vezes a sociedade só vai reagir quando a cura da “doença’ é difícil e o “tratamento” apresenta alto custo, e como invariavelmente os governos não contam com recursos, o final é previsível.


O desastre ambiental ocorrido na Região do Rio Doce não pode ser atribuído somente ao descaso da Samarco, existe outro fator, presente em todas as tragédias que ocorrem no Brasil, que é rio de lama que nasce em Brasília e atravessa todo o país, sendo abastecido no seu percurso pela incúria dos governos estaduais e municipais, assembleias legislativas e câmaras de vereadores, formando a maior Bacia Corruptográfica da América do Sul.









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